Se você está entre os que acreditam que a chamada mais antiga profissão do mundo é moleza, há um filme no catálogo da MAX que vai fazer você mudar de ideia. Afinal, Zola não tem vida fácil, ao se ver frente a frente com a realidade da rotina das chamadas garotas de programa.
É verdade que a garota que se prostitui não é a Zola, mas a amiga dela, que também comprova, mediante chantagem humilhante, o quanto essa crença de vida fácil é enganosa.
Na realidade, Zola é garçonete em Detroit (EUA). Aparentemente, mantém um relacionamento tranquilo com seu companheiro, que não dá mostras de ciúmes nem de desconfiança sabendo que ela faz bicos como dançarina de pole dance.
Quando as coisas se complicam
A coisa se complica para Zola quando ela acaba aceitando o convite de sua aparente amiga, Stefani, para se apresentar num clube de strippers na Flórida.
As duas se conheceram na lanchonete onde Zola trabalha. Ao aceitar o convite de Stefani, Zola imagina que irá, realmente, se apresentar como dançarina. Mas não demora para perceber que a coisa é bem diferente.
Aliás, para se dar conta do tamanho da enrascada em que se meteu, bastou a Zola observar a forma de agir dos dois homens que seguem com elas na viagem.
Um deles é um cafetão da pior espécie. Grosseiro, violento, debochado, egoísta e explorador sem limites, age o tempo todo com truculência. E conhece a filha de Stefany, o que a mantém sob constante ameaça.
O outro companheiro de viagem acredita que pode levar a sério ser namorado de Stefany. Na verdade, fica evidente que é um completo apalermado, capaz de se deixar enganar (inclusive pela própria Stefany) e acaba metendo todos numa fria. E isso lhe rende uma agressão física por parte do cafetão, que aprisiona todos eles à sua vontade.
Um filme difícil de assistir
O primeiro impulso diante do filme é o de não assistí-lo. Tem aquele jeitão de filme de terceira categoria, ou de algo pelo menos medianamente pornô. Mas não é nada disso.
Na verdade, trata-se de uma história baseada em fatos reais, a partir da publicação de postagens em uma dessas redes sociais.
A forma encontrada pela diretora Janicza Bravo para prender o espectador foi a velocidade como os fatos se sucedem. E deu certo.
Ao ver-se traída em sua intenção de apenas apresentar-se como dançarina, Zola é humilhada e chantageada pelo cafetão violento, que passa a aprisioná-la dentro de sua intenção de fazer com que ela se dobre à prostituição.
Zola não tem vida fácil ao lado de Stefany, mas não cede às ordens e às ameaças do cafetão.
Complicações são uma rotina
Já há algum tempo a própria Stefany sofre nas garras do seu explorador, que lhe nega dinheiro mesmo diante do fato de ela ter arrecadado 8 mil dólares em uma só noite, se prostituindo, o que o deixa eufórico.
É o momento de extrema humilhação, marcada pelo diálogo entre ela e o cafetão:
– Pode me dar um pouquinho? [do dinheiro], pede ela, timidamente, após a noite agitada.
Ele não lhe dá um tostão. E ainda debocha:
– Tem roupas para vestir, está de barriguinha cheia, não é? Cabelo arrumado, as unhas estão lindas…
Quem quer conhecer o sombrio submundo das drogas, da prostituição, da exploração e da violência como pano de fundo desse ambiente cáustico vai ter um prato cheio.
Entre as conclusões a que chegará o espectador estão a de que nunca terá visto nada igual e de que o filme tem sua importância diante da crueza com que os fatos são mostrados no dia a dia desse submundo, e que ficam escancarados a cada cena.
Zola
País: EUA
Ano de produção: 2020
Roteiro e direção: Janicza Bravo
Adaptação: Andrew Neel
No elenco:
Taylour Paige: Zola
Riley Keough: Stefani
Nicholas Braun: Derrek
Colman Domingo: X
Jason Mitchell: Rival Hustler
Ari’el Stachel: Sean
Nelcie Souffrant: Gail
Sobre o Autor
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