Mussolini é o terrível ditador fascista. E o verdadeiro tesouro realmente desapareceu. Esse fato histórico virou filme. E quem assiste ao filme italiano vai perceber que Roubando Mussolini é sério, mas engraçado.
Em nenhum momento o diretor e roteirista Renato De Maria quis enganar o espectador.
Logo de início, surge a confissão de que o fato histórico é real. Mas, da forma como foi contado, nem tanto.
Ou seja: a suposta quadrilha criada é fictícia. E dá para entender tudo, prosseguindo na leitura.
Diante da revelação do diretor e roteirista, resta a dubiedade: com personagens caricatos e a forma como a trama ocorre, o espectador vai acabar rindo.
Roubando Mussolini é sério como fato mas engraçado como ficção
A questão que surge é: seria justo transformar em riso um período da história dominado pela terrível trajetória do fascismo, que sobrevive até hoje e ainda traz sérias consequências?
Vamos por partes: o tal do roubo de fato teria acontecido. Se é que foi roubo, muito menos envolvendo a quadrilha retratada no filme.
O que ocorreu foi que a imensa quantidade de dinheiro, joias e ouro apreendida do ditador Benito Mussolini desapareceu quando ele tentava fugir para a Suíça, em 1945.
Estamos falando do fim da Segunda Guerra Mundial, quando Hitler e Mussolini protagonizaram um dos mais terríveis períodos da história dessa que chamam de humanidade.
E que, por sua vez, também tem provocado, e continua provocando, guerras e desgraças terríveis.
Mussolini e a amante dele, Clara Petacci, tiveram um fim tão trágico quanto a trágica história que o fascismo e o nazismo legaram de terrível.
Eles foram fuzilados por integrantes da resistência antifascista em abril de 1945.
Em seguida, os corpos foram pendurados de cabeça para baixo em Milão (Itália), junto com outros cadáveres de membros do governo fascista.
Consta que o rosto de Mussolini ficou completamente desfigurado, porque a multidão, enfurecida diante dos cadáveres, gritava insultos e lhes atirava pedras.
Numa passagem de Roubando Mussolini, o líder do que seria a quadrilha a executar o roubo se confessa um ladrão.
E, com um anel nas mãos, que estava entre as joias do tesouro, diz que a própria mãe dele contribuiu, sendo obrigada a doar seu anel para toda a riqueza que Mussolini guardava escondida.
Certamente, ninguém consegue rir diante de um período da história tão trágico.
Porém, Roubando Mussolini é sério, mas engraçado, porque a intenção de Renato De Maria pode ter sido (e isso é apenas uma hipótese) a de rir na cara de um ditador facínora que acabou sendo derrotado.
Certamente, se essa é a motivação do filme, foi exatamente por isso que Renato De Maria desenvolveu a ficção, a partir da realidade, utilizando-se de personagens caricatos.
A insanidade de Mussolini colocada em questão
A propósito, a própria trajetória de Benito Mussolini tem passagens caricatas.
Consta que nem Hitler o levava muito a sério e o controlava o tempo todo. E que o mantinha como um aliado em quem não confiava para as ações programadas nas tentativas (fracassadas) de vencer a guerra.
O corpo de Mussolini também teria sido autopsiado para verificar se ele tinha sido realmente contaminado pela sífilis, a doença que teria sido a causa de sua apontada insanidade.
Mas nada ficou comprovado em relação à doença de origem venérea, apontada como provável devido às aventuras sexuais acompanhadas de prevaricações do líder fascista.
O que não significa, obviamente, que ele não tenha sido um insano.
Todos esses fatos vieram a público pelos depoimentos de pessoas que conviveram com Mussolini nessa época. Ou que presenciaram o desenrolar dos fatos em seu período de governo ditatorial, que durou um ano e meio.
Benito Mussolini foi morto aos 62 anos de idade e Clara Petacci tinha 33 anos quando foi executada ao lado dele, em abril de 1945.
Vários integrantes do seu governo ditatorial também foram executados no mesmo dia e local.
O filme italiano Roubando Mussolini (Rapiniamo il Duce) estreou na Netflix em 2022.
O líder da quadrilha fictícia é interpretado pelo ator Pietro Castellitto, tendo a seu lado Matilda De Angelis, Filippo Timi e um vasto elenco de atores e atrizes, integrado ainda por muitos figurantes para as ações em que atua toda a tropa que ocupa a fortaleza montada pelo ditador.
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