A Imperatriz e as serpentes para destaque

A nova série da Netflix que tem alcançado sucesso poderia ter como título A imperatriz e as serpentes. E o motivo é simples: a série comprova que a monarquia sempre é um ambiente que pode ser definido como um ninho de cobras.

A serpente mais perigosa é a mãe do imperador, a arquiduquesa que se mostra uma eterna monarca, Sophie (Melika Foroutan), capaz de abraçar, supostamente de forma carinhosa, até mesmo uma pessoa que ela odeia.

Isto sem contar sua desenvoltura em manipular todo mundo em volta, inclusive as crianças. Além, é lógico, da própria imperatriz, que ela agrada (mentirosamente) apenas porque precisa de um herdeiro para o trono.

A Imperatriz e suas cortesãs

A Imperatriz cercada por outra serpente

Outra serpente perigosa é o irmão do imperador, o arquiduque Maximiliano (interpretado por Johannes Nussbaum),  que conspira pelas costas porque é extremamente pretensioso e ambicioso e quer afastar o imperador para assumir o trono.

Em sua estratégia malíciosa e sorrateira para atingir seu propósito, ele tenta atrair, também, a simpatia da Imperatriz, mostrando-se mais liberal do que o imperador, que o repreende severamente.

Em épocas como aquela, esse tipo de conspiração sujeitava o traidor à pena de morte, o que chegou a ser temido pelo próprio Maximiliano quando recebeu a proposta de retornar à presença do irmão.

Não se trata de spoiler, porque esse é o cenário que o espectador vai perceber logo nos primeiros capítulos da série, que já está em sua segunda temporada.

A Imperatriz e as serpentes

Proposta de nova temporada em suspenso

Há especulações quanto ao possível lançamento de uma terceira temporada. E há razões para isso, devido ao final do último capítulo da segunda temporada.

Estrategicamente, a cena deixa no ar a dúvida sobre o futuro do Império, com a ida do Imperador para o campo de batalha.

E também diante da situação desfavorável em que se encontra o seu império devido ao cerco dos países adversários, notadamente a França.

A Imperatriz se baseia na história real da esposa do então imperador da Áustria e seus domínios, Franz Joseph (Philip Froissant), um jovem herdeiro do trono que demonstra dificuldade no enfrentamento das conspirações e ameaças que sempre estão em torno do seu império.

Isabel Amália Eugénia da Baviera, apelidada de Sissi (interpretada por Devrim Lingnau), nasceu em Munique, em 1837.

Era uma moça rebelde, que se casa aos 16 anos de idade com o imperador, para contrariedade da matriarca Sophia.

A arquiduquesa, na verdade, passa a vê-la apenas como a futura parideira para garantir o nascimento do neto, que seria o herdeiro do trono.

Essa rejeição a Isabel entra em escalada porque a Imperatriz começa a dar vazão à sua rebeldia.

Percebendo que a monarquia, ao contrário do que era seu sonho, não passa de uma prisão, que a impede de se divertir como ela mais aprecia, ela continuamente escapa do leito imperial para participar de festas.

Costumeiramente, ausenta-se durante a noite do leito imperial para participar de festas, e adora cavalgar livremente pelas paisagens das redondezas.

O ambiente de extremo luxo e ostentação do palácio imperial fica bem caracterizado na série, com a reconstituição de cenários próprios da época, que algumas vezes ultrapassa visualmente os mostrados em outros sucessos da Netflix, como The Crown.

A Imperatriz e o Imperador

A imperatriz e suas serpentes: será tudo verdade?

A série Imperatriz, ao mesmo tempo em que procura preservar alguns fatos históricos, como o desinteresse do imperador pela irmã de Sissi (que na verdade era a prometida) deixa no ar até que ponto todos os fatos serão reconstituídos.

O triste fim da primeira filha do casal acontece na série, mas a própria Sissi, na vida real, acabou sendo assassinada por um rebelde anarquista, sedento (como tantos súditos do império) de vingança contra as injustiças da monarquia luxuosa em meio à miséria do povo.

De qualquer modo, a série Imperatriz pode ser assistida pela boa direção e pelo bom desempenho do elenco, que prende a atenção do espectador.

Retrata ainda as situações próprias da época, como o cerco da Igreja aos destinos do Império e o perfil extremamente repressor da educação das crianças.

Nada que fique a dever a outras séries do gênero, com exceção de Bridgerton e The Crown, mais detalhistas e mais prolongadas, que têm obtido inegável sucesso de público.

Sobre o Autor

Gerson Menezes
Gerson Menezes

O objetivo do Autor não é o de concentrar-se na linguagem rebuscada do tecnicismo cinematográfico, mas de apresentar o que há de melhor (ou de pior) na filmografia nacional e internacional, e concentrar-se no perfil dos personagens. As análises serão sempre permeadas pela vertente do humanismo, que, segundo o Autor, é o que mais falta faz ao mundo em que violência e guerra acabam compondo o cenário tanto dos filmes como da realidade de inúmeros países, entre os quais o Brasil.

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