
A censura no cinema em várias épocas (e países) sempre foi um tema polêmico e amplamente debatido. E preponderou de forma bem mais enfática, no Brasil, durante o regime militar, de 1964 a 1985.
Desde os primórdios da sétima arte, no entanto, governos e instituições de vários países impuseram restrições a determinados filmes, alegando que seu conteúdo poderia ser ofensivo, perigoso ou imoral.
Essa interdição levanta questões essenciais sobre a liberdade de expressão e os limites da arte.
Ao longo da história, diversos filmes foram proibidos em diferentes países, gerando debates acalorados e, muitas vezes, despertando ainda mais interesse do público.

Mensagens silenciadas
O cinema, como qualquer forma de expressão artística, reflete os valores e conflitos de sua época.
No entanto, quando um filme é censurado, a mensagem que ele carrega é silenciada ou alterada, limitando a capacidade do espectador de interpretar e debater o conteúdo.
Muitas vezes, essa censura ocorre sob o pretexto de proteção da chamada moral e bons costumes, mas também pode ser usada como uma ferramenta política para restringir críticas a governos e instituições.
Laranja sob censura: cômico
Um dos exemplos mais icônicos de censura cinematográfica é o filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (imagem em destaque no post).
Lançado em 1971, o longa foi acusado de incitar a violência e, por isso, foi proibido em vários países, incluindo o Reino Unido, onde o próprio diretor solicitou sua retirada de exibição.
A polêmica em torno do filme apenas aumentou sua popularidade, tornando-o um clássico cult.
No Brasil, a censura da época do regime militar ficou mais concentrada na conhecida questão da chamada moral e bons costumes: os censores resolveram determinar que fossem colocadas bolinhas pretas nas, digamos, partes pudendas da personagem que foi violentada pelos agressores.
Só que, devido à velocidade das imagens, nem sempre as tais bolinhas conseguiam encobrir o que se pretendia esconder, o que se tornou motivo de risos e de piadas.
Outro exemplo é A Serbian Film, um dos filmes mais controversos da história do cinema em todos os tempos.
Com cenas extremamente violentas e perturbadoras, ele foi proibido em diversos países, sendo considerado por muitos como um exagero artístico que ultrapassa qualquer limite aceitável.

A violência da censura política
Não apenas filmes com conteúdo violento ou chocante foram alvos de censura.
Obras que abordam temas políticos sensíveis também enfrentaram problemas.
O Grande Ditador, de Charlie Chaplin, foi criticado por sua sátira ácida ao nazismo e enfrentou resistências em alguns países.
O Nascimento de uma Nação, apesar de ser um marco técnico na história do cinema, é duramente criticado por sua representação racista e por glorificar a seita Ku Klux Klan.
Isso fez com que o filme fosse banido de diversas exibições ao longo das décadas.
Pasolini e suas controvérsias
Outro caso famoso é Salò ou os 120 Dias de Sodoma, de Pier Paolo Pasolini.
Baseado na obra do Marquês de Sade, o filme apresenta cenas consideradas extremamente perturbadoras de abuso e tortura, sendo proibido em vários países por seu conteúdo gráfico e explícito.
Mesmo décadas após seu lançamento, ele ainda gera discussões sobre os limites da arte e da representação da violência no cinema.

Horror e ficção científica
Filmes de horror e de ficção científica também foram alvos da censura.
O Exorcista, lançado em 1973, foi proibido em diversos lugares devido ao seu impacto psicológico e a temas considerados inapropriados.
Holocausto Canibal, tido como um dos filmes mais infames do gênero found footage, foi banido em vários países, e seu diretor chegou a ser investigado para provar que os atores não haviam sido mortos durante as filmagens.

Censura nem sempre vem do Estado
Plataformas de streaming e grandes distribuidoras também impõem restrições a certos filmes, seja por pressão social ou por políticas internas.
Recentemente, vários serviços de streaming removeram obras consideradas problemáticas sob a ótica contemporânea.
Isso levanta uma nova discussão sobre o papel das corporações na definição do que pode ou não ser exibido.
A vez da indústria censurar
Além dos filmes censurados, a indústria cinematográfica também tentou esconder escândalos de bastidores que vieram à tona.
O caso de Harvey Weinstein, por exemplo, revelou uma rede de abuso e assédio em Hollywood que foi encoberta por décadas.
Outras histórias polêmicas envolvem os bastidores de O Mágico de Oz. Isto porque a atriz Judy Garland teria sofrido abusos psicológicos e físicos durante as gravações.
Há também relatos sobre as condições precárias em que os atores de O Exorcista trabalharam, resultando em acidentes e lesões no set.

A questão que fica é: até onde a censura é justificável?
Em tempos de globalização e acesso facilitado à informação, proibir um filme raramente significa que ele deixará de ser assistido.
Pelo contrário, o chamado efeito Streisand – quando a tentativa de esconder algo acaba atraindo ainda mais atenção – frequentemente faz com que filmes censurados se tornem ainda mais populares.
O cinema, afinal, deve desafiar, questionar e provocar reflexões. Quando um filme é banido, a sociedade perde a oportunidade de debater e de compreender as questões que ele levanta.
O que você acha?
Afinal, qual a sua opinião sobre o assunto? Você acredita que a censura no cinema é necessária em alguns casos, ou ela apenas limita a liberdade de expressão?
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