No início o espectador pode pensar em desistir, mas depois persiste. Um Homem da Flórida e muita confusão aguçam a curiosidade. E a série chega a um ponto em que a vontade passa a ser a de conferir onde tudo vai desaguar.
A história parece confusa, mas o roteiro é bem construído. Só que o excesso de fatos que se sucedem com muita rapidez exige esforço para que o espectador não se perca e acabe não ligando os pontos.
Um homem da Flórida que não quer voltar
A série Um Homem da Flórida (Florida Man) pode ser resumida como a persistente rejeição do personagem Mike Valentine em voltar para sua terra natal, mas acaba cedendo porque tem contas a pagar com o mafioso insuportável para quem ele trabalha.
A questão é que Delly West, a namorada do mafioso Moss Yankov, desapareceu de repente, e ele determina que Mike vá encontrá-la de qualquer jeito, como missão para acertarem as contas entre ambos, ou seja: entre ele próprio, o mafioso antipático, e o ex-policial Mike, viciado em jogos de azar que passa a participar de um grupo na tentativa de se reabilitar.
Muita confusão em Um Homem da Flórida
Mike (foto acima) é um ex-policial da Filadélfia que não quer voltar para a Flórida, onde nasceu. Lá residem seu pai, com quem não se entende desde que sua mãe morreu, e sua carinhosa irmã, que faz tudo para que ele retorne ao seu convívio.
Depois de alguma relutância (o espectador, repetimos, pode desistir desde o começo) a sucessão de confusões acaba aguçando a curiosidade. E aí é que a coisa pode piorar para quem não dá a devida atenção e pode se perder.
Mike, que na verdade tem um caso com a namorada do mafioso (foto acima), se mete em sucessivas confusões, numa sequência que exige muita atenção para se conseguir ligar as pontas.
Surge também na história a ex-mulher de Mike, uma bela morena que também é da polícia e que tenta desvendar em que situações está metido o ex-marido, envolvido (junto com o pai) na caça a um tesouro perdido.
O perfil inabalável de Mike, que apenas esboça um leve sorriso, quase indiferente, diante de todas as situações que surgem, é um ingrediente que pode levar o espectador, se já não estiver cansado, a tentar saber no que vai dar toda aquela maratona de confusões, nas quais se envolve também outro policial, completamente atrapalhado.
É preciso ter fôlego
Se quiser apenas se distrair com uma história que não vai fazer falta, ou se gosta de quebra-cabeças diante de um roteiro razoavelmente bem construído, essas são questões sobre as quais cabe ao fôlego do espectador decidir.
A série não teria, até agora, chamado a atenção da crítica especializada, mas recebe razoável interesse por parte do público e ganha algum destaque, por isso mesmo, na lista top da Netflix.
Se pretende assistir à série Um Homem da Flórida e a muita confusão que começa a surgir depois de algumas passagens iniciais, reserve tempo.
Pois, como não é raro acontecer na Netflix, essa série que mistura aventura policial com comédia e relacionamentos escondidos ou fracassados, é mais longa e demorada do que poderia ser.
Criação de Donald Todd, a direção de Um Homem da Flórida é de Haifaa Al-Mansour, Miguel Arteta, Julian Farino, Kevin Bray e Clark Gegg.
O roteiro é de Rheeqrheeq Chainey, Donald Todd, Tom J. Astle, Álvaro Rodriguez e Nikki Toscano.
Procedência: EUA. Ano: 2023
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Sobre o Autor
O objetivo do Autor não é o de concentrar-se na linguagem rebuscada do tecnicismo cinematográfico, mas de apresentar o que há de melhor (ou de pior) na filmografia nacional e internacional, e concentrar-se no perfil dos personagens. As análises serão sempre permeadas pela vertente do humanismo, que, segundo o Autor, é o que mais falta faz ao mundo em que violência e guerra acabam compondo o cenário tanto dos filmes como da realidade de inúmeros países, entre os quais o Brasil.
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