Em Amor Doentio, sociopatas não desistem. Por isso mesmo, o filme retrata bem esse universo. E traça, com bastante precisão, essa realidade das relações tóxicas.
A fronteira entre uma relação que simplesmente não deu certo e outra que não dá certo porque existe um sociopata envolvido fica bem evidente com este filme.
Antes de prosseguir, um alerta: como existem, no mundo, mais sociopatas e psicopatas do que se supõe, há mais de um filme com o mesmo título. E com histórias parecidas.
Aqui estamos falando de Amor Doentio, com Stephanie Jaskot (Veronic) e Reece Presley (Ethan) nos papeis principais. E que está no catálogo da Amazon Prime.
Embora seja, certamente, uma história comum e retratada em outros filmes, Amor Doentio pode servir de alerta para as mulheres que lutam para se libertar de uma relação tóxica e não conseguem. E, com isso, arriscam a vida.
Amor Doentio mostra que sociopatas não desistem
Basta olhar a diferença: se um homem está em crise no relacionamento ou é traído, mas não é um sociopata, e não consegue perdoar a mulher, ou sabe que ela sempre irá traí-lo, ele simplesmente se separa.
Se for uma questão de incompatibilidade de gênios e a relação se mostrar impossível, também o que resta é a separação.
Já o sociopata tem uma reação mostrada com muita exatidão no filme: ele diz o tempo todo que ama a mulher, mas a escraviza o tempo inteiro, porque não consegue deixá-la.
E imagina, seguidamente, que ela o traiu, mesmo que isso não tenha acontecido. Daí a necessidade de vigiá-la o tempo todo.
A cada ato desesperado, em que comete absurdos, o sociopata pede desculpas, repetidamente, tenta agradar a mulher e, em seguida, volta a dizer que faz tudo pelo suposto grande amor que tem por ela.
Mas, logo em seguida, repete os mesmos atos, tão ou mais absurdos, que acabam envolvendo outras pessoas, em razão do seu desequilíbrio.
Tudo acaba afetando a vida também do próprio sociopata, que se concentra na relação e não consegue sequer trabalhar. Com isso, coloca em risco o próprio emprego, como também mostra o filme.
Sociopatas vivem um amor doentio e não desistem
Outra característica do sociopata é a de se dizer, sempre, injustiçado e incompreendido, apesar de (segundo repete a todo instante) sentir pela mulher um grande amor.
Adicionalmente a isso e a outros desvios de comportamento, ele se mantém no comando: é ela que tem que compreender por qual motivo ele a persegue o tempo todo, por que a segue diariamente e por que a vigia o tempo inteiro.
E isso é muito diferente do homem que desconfia de que a mulher o trai, por exemplo. E que, simplesmente, começa a ficar atento a determinados comportamentos da mulher para poder ter certeza da traição.
Perseguição caracteriza um relacionamento abusivo
Em alguns casos, nesse conflito de convivência, o homem que se sente traído chega a contratar um serviço especializado apenas para ter certeza dessa traição.
Diante dessa certeza, mesmo que sinta amor pela mulher, se percebe que não há como perdoá-la, ele simplesmente se separa.
Já o suposto amor, no caso dos sociopatas, é de fato doentio. E ele pode cometer até feminicídio, por não permitir que outro homem tome o seu lugar na relação.
Sociopata se torna um abusador
Outra característica bem marcante é que entre o casal não há diálogo; só discussão. E nisso se transforma a relação, exatamente devido à impossibilidade de dialogar.
Mesmo que haja alguma tentativa de conversa, o perfil psicológico do sociopata impede isso, porque ele não consegue se controlar e começa a discutir. Embora, logo em seguida, peça desculpas novamente, caso perca a paciência e cometa mais absurdos.
Apesar de assumir atitudes de força física e psicológica, a ponto de dominar a vida de sua presa (é assim que ele enxerga a parceira), o sociopata é, na verdade, um fraco.
Sua fraqueza se revela, precisamente, pela sua incapacidade de viver sem a mulher.
E é nessa fraqueza que reside o maior risco para a mulher que se encontra numa relação tóxica com um sociopata, ou com um psicopata.
Pelas opiniões manifestadas por alguns espectadores, percebemos que o final não foi bem entendido.
Não podemos revelar esse final, pois seria spoiler.
O que podemos adiantar é que a personagem Veronic tomou a única atitude que, muitas vezes, resta a uma mulher numa relação como essa.
Mais do que isso: é a única atitude que lhe resta tomar para preservar a própria vida.
Do contrário, acaba se tornando mais uma vítima de feminicídio.
Embora seja um filme de duração razoavelmente curta (pouco mais de uma hora), Amor Doentio, determinado a provar que sociopatas não desistem, pode parecer repetitivo.
Mas também isso ocorre para caracterizar bem a situação, o que confirma o objetivo a que se propôs essa produção canadense: apesar de ser uma história comum, serve de alerta para quem sofre esse tipo de relação doentia.
Amor doentio (Isthmus)
Ano de lançamento: 2021
País: Canadá
Direção:
Escrito e produzido por:
No elenco:
Reece Presley: Ethan
Stephanie Jaskot: Veronic
Adam Daniel Mezei: Eric
Catherine Howard: Pascale
Tess Spentzos: Tess
Jim Garfield: pai de Ethan
Sobre o Autor
1 Comentário
Bom filme, mas acho que ficou faltando um fim mais conclusivo.