O subversivo Matou a Família e Foi ao Cinema, assim classificado pela ditadura de 1964, é um filme brasileiro de 1969, dirigido por Júlio Bressane.
Conta a história de Jofre, um jovem que assassina a família em uma noite de Natal e, em seguida, vai ao cinema assistir a um filme.
Temos aqui um dos mais emblemáticos exemplares do chamado cinema marginal brasileiro, gênero que se desenvolveu no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 como uma resposta crítica e subversiva ao cinema comercial.
Matou a Família e Foi ao Cinema se caracteriza por sua estética experimental, com um roteiro fragmentado e uma narrativa não-linear.
O filme é uma crítica à hipocrisia e à alienação da classe média brasileira, representada pela família do personagem Jofre.
Ele é retratado como um jovem alienado e deslocado, sem uma identidade definida e sem motivações claras para cometer o crime.
O filme também apresenta uma crítica à violência e ao autoritarismo da ditadura militar que governava o país na época.
Foi alvo de polêmicas e de censura na época de seu lançamento, sendo considerado pelos militares como um filme subversivo e perigoso para a ordem social.
Depois disso, passou a ser considerado um marco do cinema brasileiro e uma referência para o cinema de vanguarda.
O sucessor de Matou a Família e Foi ao Cinema
Certamente o impacto do filme de Bressane, rodado em apenas 12 dias e censurado poucos dias depois de sua estreia, pode ser medido pelo fato de ele ter ganhado um sucessor.
Em 1991, o cineasta Neville D’Almeida resolveu fazer a refilmagem dessa icônica obra.
Só que a história se desenvolveu de forma ainda mais dramática do que o então classificado pela ditadura militar como o subversivo Matou a Família e Foi ao Cinema.
Além do assassinato dos pais pelo rapaz, uma mulher rica e entediada abandona o marido para satisfazer suas fantasias sexuais com outra mulher.
A mãe de uma das mulheres jovens que vive uma história de amor acaba sendo assassinada por interferir na relação.
E um homem mata a mulher que reclamava de dificuldades financeiras.
A nova versão contou com mais recursos e teria sido apoiada pelo próprio Bressane – então roteirista e produtor.
De qualquer modo, sua produção e posterior lançamento ocorreram numa época de recursos extremamente escassos para o audiovisual brasileiro.
Em resumo: sobram assassinatos, censura e fracassos na história do filme, que tem o controvertido Alexandre Frota como intérprete do rapaz que mata os próprios pais.
E, como companheira de elenco, a não menos famosa Cláudia Raia.
De qualquer modo, o filme de Bressane foi incluído pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) entre os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
A intenção da refilmagem teria sido a de criticar os sensacionalismos midiáticos, que sempre perduram quando o tema é a violência.
Embrulhado em tantas controvérsias, o filme foi incluído no catálogo online da Globoplay, para quem gosta do gênero, desde que tenha mais de 18 anos de idade.
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