O filme Malícia mostra as faces ocultas de pessoas que, inicialmente, nos parecem sensíveis e inocentes.

Esse thriller psicológico explora as profundezas da manipulação e das falsas aparências e não escapa das conhecidas fórmulas das produções cinematográficas do gênero.

Pode ser assistido por quem deseja apenas passar o tempo com um filme que mistura certa dose de suspense com o que seria um romance apaixonado.  

Malícia mostra as faces ocultas

No elenco estão dois nomes bem conhecidos: Nicole Kidman, como a jovem aparentemente apaixonada pelo marido Andy (Bill Pullman), e Alec Baldwin, o médico que se acha um “deus”, com seu olhar insinuante e que, longe das mesas de operação, se revela um farrista beberrão.

Andy é psicólogo, tem um cargo de destaque em um colégio de jovens e aparenta levar uma vida tranquila ao lado de sua esposa Tracy (Nicole Kidman), que se diz apaixonada por crianças e que estaria tentando engravidar, sempre sem sucesso.

Eles moram na aparentemente pacata cidade de Westerly, Massachusetts (EUA), onde os colegiais saem das aulas sempre de bicicleta, percorrendo ruas supostamente seguras de uma cidade interiorana.

Malícia mostra as faces ocultas de pessoas que nos cercam

Sem aparentemente ter muito a ver com o desenrolar da trama, surge a figura do serial killer Earl Leemus (Tobin Bell), que ataca as jovens alunas e mantém o doentio hábito de apoderar-se de parte dos cabelos de suas vítimas.

No entanto, é a presença do assassino que acaba servindo como pano de fundo para a verdadeira intriga que se desenrola no filme, possibilitando ao amoroso Andy desvendar a real face, até então desconhecida, da esposa, que se mostra apaixonada num relacionamento que parece ter tudo para dar certo..

O roteiro é de Aaron Sorkin e Jonas McCord. O diretor, Harold Becker, demonstra habilidade em conduzir os personagens de uma forma que o desenrolar da história não pode ser imaginado até que, exatamente em face de acabar como suspeito dos crimes do maníaco, Andy termina descobrindo que sua então esposa, embora “louca por crianças”, não é nada do que ele pensa e jamais poderia ter um filho dele.  

Malícia mostra as faces ocultas num relacionamento

Malícia e as faces ocultas que nos rodeiam mais do que imaginamos

Antes de tudo se complicar para Andy, entra em cena o médico Jed Hill (Alec Baldwin), um cirurgião ao mesmo tempo habilidoso e misterioso, cuja presença acaba por abalar a vida do casal.

O médico seria, na verdade, um antigo colega de escola de Andy. Essa revelação leva o pacato Andy a convidá-lo para alugar um quarto em sua própria casa, mesmo diante da aparente rejeição de sua esposa em manter dentro de casa um desconhecido.

A postura intrigante e perturbadora de Jed fica bem caracterizada na forma de seu olhar insinuante e da sua imagem de cirurgião respeitado, formado na caríssima Harvard, a famosa universidade dos EUA cujo prestígio já confere respeitabilidade aos que ali se graduam.  

É o afamado médico, que se encontrava bebendo uísque num bar, rodeado por mulheres, que vai atender Tracy, quando ela  passa mal e é levada com urgência ao hospital.

Malícia

Numa decisão médica que teria se mostrado fatalmente equivocada, o habilidoso cirurgião remove o único ovário de Tracy que ainda restara da cirurgia de emergência, sob suspeita de estar necrosado.

Mais do que isso, descobre-se que ela estava grávida, e acaba perdendo o bebê e, em decorrência da retirada do outro ovário, jamais poderá engravidar.

Demonstrando irritação e inconformismo, uma vez que o marido teria concordado com os procedimentos adotados pelo endeusado médico, Tracy  decide pedir o divórcio e processar o hospital, exigindo uma quantia milionária como indenização.

Essa vultosa quantia seria paga pelo seguro do médico, que se mostra supostamente conformado com o desenrolar da situação, uma vez que, efetivamente, teria cometido um erro.

A partir daí, a história ganha um novo e inesperado rumo, diante do inconformismo de Andy com o fim do seu casamento e, paralelamente a isso, a partir das investigações que ele próprio passa a promover.

Nicole Kidman é destaque do filme Malícia

A pista inicial lhe é fornecida pela investigadora que havia lhe colocado como suspeito do assassinato da jovem aluna vítima do serial killer.

Argumentando que fora ele que encontrara o corpo, essa investigadora (que era sua conhecida da escola) considera inevitável que Andy, tecnicamente, passe a ser encarado como suspeito.

A partir daqui, tudo o mais que seja dito passará a figurar como um sempre indesejado spoiler.

A única pista que nos cabe revelar é o que já dissemos: o filme Malícia mostra as faces ocultas de pessoas que nos rodeiam. Vale a pena assisti-lo?

Essa produção norte-americana é de 1993, numa época em que Hollywood ainda não padecia do avançado estágio de esgotamento da indústria cinematográfica em trazer grandes novidades.

Malícia e as faces ocultas do personagem

Nesse sentido, uma vez que o streaming também não tem sido muito inovador nem profícuo a ponto de escapar das mesmices de histórias que, muitas vezes, não têm nem pé nem cabeça, Malícia mostra-se apenas como distração, que coloca no ar, ao menos, histórias cujo desfecho não pode ser decifrado logo nas cenas iniciais.

Surge como um thriller psicológico capaz de prender a atenção, com figuras de destaque no elenco e com uma fotografia que dá ênfase a expressões faciais dos personagens.

Há um clima de mistério, romance policial e suspense. E passagens até medianamente engraçadas, como a visita de Andy à mãe de Tracy, na tentativa de desvendar a verdadeira personalidade de sua ex-mulher.

Você provavelmente não vai aplaudir o filme de pé, mas também não será levado a acionar o controle remoto para desligar a TV antes de assistir ao desfecho da história.  

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Sobre o Autor

Gerson Menezes
Gerson Menezes

O objetivo do Autor não é o de concentrar-se na linguagem rebuscada do tecnicismo cinematográfico, mas de apresentar o que há de melhor (ou de pior) na filmografia nacional e internacional, e concentrar-se no perfil dos personagens. As análises serão sempre permeadas pela vertente do humanismo, que, segundo o Autor, é o que mais falta faz ao mundo em que violência e guerra acabam compondo o cenário tanto dos filmes como da realidade de inúmeros países, entre os quais o Brasil.

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