Professor e aluno obcecados Em Busca da Perfeição. A obsessão em mais alto grau, sempre em busca da irretocável perfeição, é a linha condutora do filme que tem como título original Whiplash.
A convincente atuação do jovem ator Miles Teller como o solitário jovem Andrew, em busca da perfeição como baterista, torna ainda mais real o ambiente de obsessão levada ao seu mais alto grau em Whiplash (título original).
O vocábulo em Inglês, que dá título ao filme, pode ser traduzido como Chicotada, uma palavra que se torna até (por incrível que pareça) suave diante dos obcecados exageros do professor Terence (J.K. Simmons) ao humilhar todos os seus alunos.
Esse é o método de ensino que Terence está convencido de que é o único eficaz: massacrar a mente das pessoas de modo que elas se empenham no limite de suas forças (ou mesmo buscando ultrapassá-los) para se tornarem os músicos que fiquem conhecidos como os melhores de sua geração.
Seria repetitivo, ou certamente simplório demais, ter adotado a expressão sangue, suor e lágrimas como título do filme em Português.
Mas essa é a atitude do personagem interpretado por Miles Teller, que sangra, vê o suor escorrer abundantemente e chora, tornando-se ainda mais solitário, em sua desesperada busca para se tornar tão inigualável quanto seu ídolo na bateria, o fantástico Buddy Rich.
O filme do catálogo da Netflix não é apenas para quem gosta de bateria ou de cinema. A trilha sonora ultrapassa o que poderia ser encarado como limite para assistir ao desenrolar da história do jovem Andrew Neiman.
Nessa busca por perfeição, não são raros os casos de músicos que sacrificam prazeres e até relacionamentos para levarem o aprendizado às últimas consequências.
Em todo o desenrolar da históiria, torna indispensável o questionamento: será o massacre, a humilhação, a obsessão, a rispidez, e até a estupidez, um método de ensino para chegar à perfeição?
Será que todos os que passaram a ser considerados gênios de sua geração, nas mais variadas ciências, artes e atividades, passaram por isso?
Mais ainda: será que vale a pena? Vale tanto sacrifício se comportarem e agirem como obcecados em busca da perfeição infalível, irretocável e, talvez, sobre-humana?
Alguns críticos compararam o método do professor Terence Fletcher ao bullying, ainda hoje praticado nas escolas. E objeto do mais legítimo esforço de pais e educadores para eliminá-lo do ambiente escolar.
Certamente que a humilhação não constrói gênios. Ao contrário disso, pode resultar em depressão, frustração. E até em suicídio.
Levar o aprendizado extremamente a sério não seria muito mais eficaz quando ele está associado a algo lúdico, prazeroso?
Há uma máxima verdadeira segundo a qual as pessoas fazem as coisas apenas por duas razões: ou por prazer. Ou por necessidade.
É suficiente para deixar o pavoroso bullying fora do cenário escolar. E igualmente fora das alternativas como pretenso método de aprendizado. Que já trouxe, e ainda traz, tantos prejuízos e desgraças na escola e fora dela.
Pela qualidade, pela autenticidade, pela trilha sonora, pela direção e pelas atuações dos atores, Whiplash, em busca da perfeição, merece ser visto. Mas que leve essas reflexões a bom termo.
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