A trama não tem nada de inédita, o título é intencionalmente picante e a pergunta óbvia é se Esta Noite Você Dorme Comigo é igual aos outros filmes que abordam as complicações de um relacionamento.
Uma mulher em crise no casamento é surpreendida pela presença de um ex-namorado, mais jovem do que ela, em seu local de trabalho, para ser seu estagiário.
Vão fazer um trabalho juntos, o que os aproxima e a leva a, de início, evitar contatos íntimos.
Sim, é uma história que, efetivamente, está longe de ser uma raridade: antigos amores aparecem na vida de alguém que se sente sobrecarregada com a vida conjugal.
O marido deixa por conta dela a tarefa de cuidar das duas filhas, o que significa levá-las à escola e buscá-las, cuidar quando estão doentes e ainda administrar a difícil rotina no trabalho.
Para atrapalhar mais um pouco, a presença constante da mãe, que sempre deseja interferir, com a ajuda do genro.
Que, por sua vez, se encarrega de convocar a sogrinha para ir cuidar das filhas, porque a mulher está recorrendo à ajuda de estranhos.
Como o estranho é exatamente o ex-amor da mulher, está formada a trama, com o marido já desconfiado de que pode estar, ou já está, sendo traído.
Esta Noite, Você Dorme Comigo, exibido pela Netflix, é um filme polonês produzido neste ano de 2023, que tem recebido críticas desfavoráveis até o momento em que publicamos este rápido comentário.
Esta Noite Você Dorme Comigo não é igual aos outros?
As cenas, apesar do título de apelo picante, não se tornam vulgares.
A sensualidade sem apelação valoriza as cenas de amor da mulher de meia idade, atraente, com o jovem amante.
Os dois acabam se descuidando e fazem chegar ao conhecimento de colegas de trabalho o que já rola entre ambos.
Descuido maior, difícil de parecer verossímil para quem precisa manter segredo, é o que permite que exatamente o marido fique sabendo de tudo.
Para não fugir à lógica natural da história, chega o momento do desespero, com a sensação de que não há saída para ela e o amante.
E também o peso na consciência da mãe de família, que tem uma casa bonita, um bom emprego e duas filhas para cuidar.
De preferência, como seria natural, servindo de exemplo.
O filme é baseado no romance da polonesa Anna Szczypczyńska, a direção é de Robert Wichrowski e o roteiro é de Anna Janyska e Anna Szczypczynska.
O romance é vivido por Nina (Roma Gasiorowska) e seu jovem amante, Janek (Maciej Musial).
E o marido traído é Maciek, interpretado por Wojciech Zielinski.
Para um dilema de difícil solução, abre-se a porta, ao final, para que o próprio espectador possa imaginar no que vai dar tudo isso.
Para evitar spoiler, quem assistir vai saber por que estamos chegando a essa conclusão.
O lado positivo – críticas à parte, que estariam sendo recebidas até o momento – é o fato de se abrirem as portas para produções que incluam países fora do catálogo de Hollywood.
Nenhuma crítica a Hollywood, que já produziu filmes memoráveis.
Mas boas-vindas às produções de outros países, como fórmula para abrir novos horizontes na filmografia internacional.
Porque é essa diversidade que ensina a fazer cinema.
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