A fórmula é conhecida: uma garota bonitinha que se aborrece por tudo, um namorado sarado que se revela melhor do que parece, mulheres aprontando e segredos guardados para ficar mais fácil levar a história adiante. A Última Música lacrimejante não poderia ser diferente.
O melhor ator é o menino Bobby Coleman, premiado também com as frases mais inteligentes e cativantes do roteiro.
Pela idade que aparenta ter, pelas expressões faciais bastante convincentes e pela naturalidade em todas as cenas, é possível prever que tem uma grande carreira pela frente, se continuar empenhado em aprender tudo o que se exige de um ator.
Miley Cyrus no papel da menina rabugenta e mal-humorada não teve como escapar das críticas que vem recebendo como atriz.
Nesse caso, não tinha como se livrar, porque o papel que lhe coube foi mesmo o mais antipático de todos os personagens do enredo.
Não é possível saber se vai melhorar, tendo em vista que, tomando-se como base esse lacrimejante A Última Música, no estilo Disney, a atriz acaba sendo confundida com a personagem, o que lhe valeu avaliações francamente negativas, de um modo geral.
Além do mais, esse é o seu primeiro papel dramático. E uma atriz não se faz da noite para o dia. Seria prematuro criticá-la com rigor.
A propósito, no geral, o elenco tem um desempenho apenas mediano em um roteiro que não exige tanto.
Além de Bobby Coleman, destaca-se Greg Kinnear (foto) no papel do pai da menina rabugenta que – no início – não consegue suportá-lo.
De qualquer modo, Kinnear é um ator experiente, já indicado ao Oscar por seu desempenho em Melhor é Impossível.
O que mais aborrece nesses filmes é exatamente o mau humor e os rompantes repentinos e desproporcionais aos fatos que lhes deram origem.
A história é baseada no livro de Nicholas Sparks, que também construiu o roteiro, e a direção conseguiu inserir um pouco de emoção em algumas passagens, o que faz parte do gênero.
A Última Música é sobre a história do pai divorciado, que recebe os filhos em sua morada na praia e enfrenta, de início, a radical rejeição da filha, por ter se sentido deixada de lado.
Só que ela não é mal-humorada somente com o pai, mas com todas as pessoas que a cercam. Inclusive com as que nem conhece.
É nesse clima de rejeição o seu primeiro encontro com quem viria a namorar: o típico rapaz esportista e conquistador.
Will, o namorado capaz de aturar toda a rejeição inicial de Ronnie, a personagem interpretada por Miley Cyrus, é o garotão filho de ricaços, empenhado em mostrar que decorou até os clássicos russos para impressionar a amada, que ainda não o ama.
Não poderia faltar tudo isso no filme: jovens que dizem eu te amo com a mesma facilidade com que dizem some da minha frente.
E garotas sempre dispostas a se vingarem daquelas que elas encaram como rivais.
Dá para assistir para quem gosta de música ao piano, de um garoto dizendo coisas engraçadas, de ver tartarugas nascendo. E, para quem é emotivo, um lance lacrimejante de vez em quando.
Não é nem dos melhores nem dos piores.
Talvez porque os dramas humanos continuem muito iguais, o cinema açucarado esteja andando sem jeito de variar.
A Última Música é uma produção norte-americana de 2010.
A direção é de Julie Anne Robinson.
Criação e roteiro: Nicholas Sparks
No elenco:
Miley Cyrus: Ronnie Miller
Liam Hemsworth: Will
Greg Kinnear: Steve Miller
Carly Chaikin: Blaze
Kelly Preston: Kim Miller
Bobby Coleman: Jonah Miller
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