destaque alice

Quem já leu ou estudou alguma tese especializada sobre sociopatia vai perceber, facilmente, que o filme sobre relacionamento tóxico exibido pela HBOmax revela apenas que a Querida Alice e o sociopata com quem ela se relaciona não representam nenhuma novidade.

Querida Alice e o sociopata

Mas o filme ainda pode surpreender, porque um grande número de pessoas não conhece as peculiaridades do comportamento do dominador, vivido no filme pelo personagem Simon.

Da mesma forma, as reações de Alice são bem características desse tipo de convívio.

E o abusador tóxico faz surgir um ambiente que estraga qualquer relacionamento.

Talvez em razão de não apresentar novidades, o marketing do filme ficou centrado na figura de Anna Kendrick, pela fama que conquistou como intérprete de papéis dramáticos.

A culpa que não existe

É comum que a vítima assuma a culpa da situação, porque o modus operandi de um sociopata é dominar a relação.

Ele procede assim de maneira, exatamente, a levar sua companheira a se achar responsável por tudo de ruim que aconteça.

Essa é a forma de manter o relacionamento, como que aprisionando a vítima, para que o sociopata não deixe escapar a oportunidade de manter o foco de atenção sob o seu domínio.

Querida Alice e o sociopata numa pretensa solução

Amigas numa solução que não corta as dores

A história fica evidente desde o início.

Alice vive um relacionamento tóxico e abusivo com Simon. E tenta se afastar do ambiente perturbador.

A pretensa solução, que não passa de um engano, seria permanecer por alguns dias com duas amigas em uma casa de campo, sem que o abusador saiba onde elas estão.

Em pouco tempo a ineficácia do plano se revela. E as amigas começam a se aborrecer.

Sempre se considerando culpada de tudo o que acontece em sua própria casa, e repetindo que Simon a ama, Alice acaba levando à situação em que as duas amigas começam a questioná-la.

A querida Alice se esconde do sociopata

O ambiente fica pesado e, talvez, o maio mérito do filme seja o de dar a entender que verdadeiras amizades ainda existem. E podem resistir a grandes provas.

Apesar do comportamento irritante de Alice, as duas ainda tentam conversar e fazê-la perceber que é ela que está virando as coisas de cabeça para baixo.

Além de isolar-se durante alguns momentos, Alice passa a se interessar pelo caso da mulher desaparecida no mato.

Certamente, temos aqui um dos elementos inseridos no roteiro para acrescentar algo que quebre o ritmo da trama. E evite que o filme se torne demasiadamente maçante.

Os poucos momentos de descontração acabam sendo interrompidos quando Simon aparece de surpresa.

Ele acabou descobrindo onde elas estavam porque teria ouvido gravações no celular de Alice.

Ela soube disso antes mesmo da chegada inesperada dele, porque o próprio Simon avisou que já sabia que ela havia mentido sobre o destino que anunciara quando foi se ausentar por alguns dias.

Afogada em dramas

Alice e o sociopata: um nada querido reencontro

Simon tenta ser simpático, levando um pacote de compras, que ele acabou derrubando, desastradamente, e permitindo que improvisassem uma refeição com todos à mesa.

Mas acabou, mais uma vez, destratando Alice quando foram para o quarto, chamando-a de egoísta e obrigando-a a acordar cedo para retornarem para casa logo na manhã seguinte.

Até que um acontecimento completamente inesperado interrompe o retorno.

Querida Alice com o sociopata incorrigível difere pouco de filmes e novelas que já trataram do mesmo tema.

Pode servir apenas de lição para as mulheres que vivem um relacionamento abusivo e não conseguem se libertar.

Terão que se conscientizar de que escapar é a única saída, pois nesse caso as alices da vida real jamais viverão uma história similar ao clássico de Lewis Carrol, pois o país das maravilhas está muito distante de quem vive um relacionamento abusivo.



Querida Alice (Alice, Darling)

Produção canadense

Direção: Mary Nighy

Roteiro: Alanna Francis e Mark Van de Ven

Alice: Anna Kendrick

Simon: Charlie Carrick

Amigas:

Kaniehtiio Horn

Wunmi Mosaku

Sobre o Autor

Gerson Menezes
Gerson Menezes

O objetivo do Autor não é o de concentrar-se na linguagem rebuscada do tecnicismo cinematográfico, mas de apresentar o que há de melhor (ou de pior) na filmografia nacional e internacional, e concentrar-se no perfil dos personagens. As análises serão sempre permeadas pela vertente do humanismo, que, segundo o Autor, é o que mais falta faz ao mundo em que violência e guerra acabam compondo o cenário tanto dos filmes como da realidade de inúmeros países, entre os quais o Brasil.

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