A receita é a mesma do gênero policial com mistério e suspense. E com muita violência. Por isso, mesmo quem não viu já vai ter visto O Inocente.
Juntem-se muitas sequências repetitivas de mulheres sendo brutalmente espancadas. Um bom estoque de ketchup para servir de sangue (risos).
Acrescentem-se histórias entrelaçadas de marginais com altíssimo índice de canalhice e um pouco de imaginação para construir o roteiro. E a receita está pronta.
Baseado em livro controvertido
O Inocente é uma minissérie (parece ter mais) de oito episódios da Netflix.
O roteiro tem como base o livro homônimo do escritor Harlan Coben, que alcançou expressivo sucesso, misturado com certas controvérsias quanto à sua aceitação.
A trama mistura drama, mistério, vingança e romance, este último mais acentuado nos capítulos finais.
E conta com Olivia (Aura Garrido), que se casa com O Inocente, entre os papéis principais.
O Inocente é condenado
Começa com Mateo Vidal, apelido Mat (interpretado por Mario Casas), que se envolve em uma briga numa boate.
Reagindo às provocações de um grupo de rapazes, ele empurra o homem que deu início à briga e que acaba caindo de costas e batendo a cabeça, tendo morte instantânea.
Mateo é condenado a 4 anos de prisão por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), o que provoca irritação no pai da vítima, embora a mãe se mostre reticente quanto ao caráter supostamente criminoso de Mateo.
Este, por sua vez, considera que o que ocorreu foi um acidente, mas se envolve em outra confusão com morte, na prisão, reagindo também às constantes provocações de um detento.
Não tem spoiler
Não há spoiler até aqui, e nem seria possível, porque a história tem vários desdobramentos que exigem atenção para acompanhar a trama.
É nesse ponto que o roteiro tenta, em alguns aspectos, se valorizar, procurando afastar-se das mesmices do gênero policial, com muita violência.
Mas violência em demasia é o que não falta. E quem é mais sensível tem que se precaver. Ou vai preferir não prosseguir assistindo à minissérie.
Além de agressões brutais, com espancamentos frequentes contra as dançarinas da boate de strip-tease misturada com prostituição, há cenas desafiadoras.
Suicídios e passagens em close de cadáveres com a face despedaçada fazem parte do cenário, além da exploração de menores de idade na boate cujo dono é um completo canalha.
Para quem gosta de assistir
Quem gosta e costuma assistir a esse gênero de policial recheado de muita violência têm apreciado a série, que está entre as tops da Netflix.
Até porque, a trama tem tantos desdobramentos que, em certos momentos, parece tratar de histórias diferentes a cada novo episódio.
Ao final a coisa fica mais romanceada e, ao mesmo tempo, surge a história de vingança envolvendo uma antiga colega de boate, e Olívia, que havia se casado com Mateo, mas mantém um segredo que, obviamente, o irrita.
Direção e cenas previsíveis
A direção da minissérie espanhola O Inocente, de Oriol Paulo, é competente com o que se espera do gênero. Mas, ao mesmo tempo, o roteiro comete falhas previsíveis, que acabam sendo usadas para viabilizar seus desdobramentos.
É o caso de Mateo Vidal, O Inocente, que, inocentemente, permanece de costas para um homem reconhecidamente perigoso e de comportamento imprevisível.
A camareira do hotel conduz um carrinho de roupas para a lavanderia e também não percebe o excesso de peso, embora nada menos que dois adultos estejam escondidos entre as roupas e escapam depois que ela vira de costas.
O que fazer, não é mesmo? Afinal de contas, o show tem que continuar…
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