Destaque a culpa

Dois insuportáveis no início do filme nos levam a perguntar aos que podem estar assistindo conosco: como fui parar aqui? Se você quer assistir, fica por sua conta. Só podemos dizer que Minha Culpa é difícil de suportar.

Minha Culpa é difícil de suportar

Um meio-irmão burguês (Nick) vai finalmente conhecer a meia-irmã (Noah). E os dois não se toleram. Primeira das inúmeras sequências previsíveis: eles vão se amar.

Noah está revoltada porque a mãe, que se casou com um ricaço (pai de Nick), a força a abandonar a cidade onde mora, além dos amigos e o namorado, para ir morar com ela e vivenciar o que seria a sua nova família.

Comporta-se, então, com extrema grosseria com todo mundo. E não poupa nem mesmo o empregado do ricaço, que tenta tirar sua mala do carro quando ela chega à mansão paradisíaca que passaria a ser o seu lar feliz.

Minha Culpa é difícil de suportar pelas sequências previsíveis

Minha Culpa é difícil de suportar pelos personagens artificiais

O filme é artificial do início ao fim. O meio-irmãozinho playboy ricaço é capaz de enfrentar qualquer um que apareça em suas festas, onde ele beija todas as garotas que encontra pela frente.

É um valentão, que põe pra fora da festa um mau elemento que oferece bebida com boa noite cinderela. Mas o mesmo meio-irmão valentão torna-se incapaz de enfrentar o sujeito que perde a corrida para a meia-irmãzinha.

A meia-irmãzinha, por sua vez, tendo apenas pilotado carros com o pai, torna-se exímia ao volante, digna de fazer inveja a qualquer tricampeão de Fórmula 1.

Uma extrema habilidade ao volante difícil de crer

A extrema habilidade: difícil de acreditar

Essa extrema (e inverossímil) habilidade acontece, mesmo sendo ela ainda uma jovem irritantemente imatura quando isso convém ao roteiro.

E que teve essa habilidade ao volante muito menina ainda, ao lado do pai que ela tentou amar.

Há muitas perguntas que um espectador, mesmo com apenas meio centímetro de sabedoria, pode fazer ao longo do filme.

Vamos a algumas delas

Acham que o espectador é burro? Ou será que os personagens são burros?

Minha Culpa é insuportável com o excesso de clichês

Existe uma jovem correndo risco real de sofrer vingança mortal. E a mãe não quer alertá-la, porque a jovem tem pavor do provável assassino e, por isso, a mãe não quer preocupá-la.

Isso é proteger? Ou é deixá-la mais em risco ainda?

Ou seja: a mãe é muito burra? Ou o roteirista acha que os espectadores são burros a ponto de acreditarem que uma mãe possa ser tão burra?

E o meio-irmãozinho burguês, que está interessado na provável vítima, a própria meia-irmãzinha (ufa: chegamos ao amor proibido!) também vai na mesma onda e não fala nada para alertar a provável vítima.

E ainda a deixa sozinha no carro, para que se possa simular a existência do meio-irmãozinho como um herói. Ou seja: alguém que, por sinal, nada tem de herói.

Excesso de clichês

Isso é apenas um resumo de um filme que cria inúmeras situações irritantes e brincadeirinhas idiotas, a pretexto de gerar suspense.

Em resumo: suspense burro num filme que acha que todo mundo é burro. E que é, o tempo inteiro, previsível.

E ainda há a cena com um diálogo entre Noah e o pai marginal, numa conversinha que soa simplesmente ridícula, diante de uma trama construída de forma burra.

Minha culpa é prêmio de clichês

Mas o filme merece um prêmio: o de campeão absoluto de clichês.

Minha Culpa é difícil de suportar.

Quer assistir? Tem todo o direito.

Mas, se não gostar, a culpa é sua.



Minha Culpa (Culpa Mia)

País: Espanha

Baseado no livro de Mercedes Ron

Roteiro e direção: Domingo González

Lançamento: 2023 (na Amazon Prime)

No elenco:

elenco Minha culpa

Nicolle Wallace: Noah

Gabriel Guevara: Nick (ou Nicholas)

Marta Hazas: Rafaella (mãe de Noah)

Iván Sánchez: William Leister (pai de Nick)

Iván Massagué: Jonás (pai de Noah)

Sobre o Autor

Gerson Menezes
Gerson Menezes

O objetivo do Autor não é o de concentrar-se na linguagem rebuscada do tecnicismo cinematográfico, mas de apresentar o que há de melhor (ou de pior) na filmografia nacional e internacional, e concentrar-se no perfil dos personagens. As análises serão sempre permeadas pela vertente do humanismo, que, segundo o Autor, é o que mais falta faz ao mundo em que violência e guerra acabam compondo o cenário tanto dos filmes como da realidade de inúmeros países, entre os quais o Brasil.

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